O GRUPO CONSCIÊNCIA NEGRA EM MOVIMENTO (CNM): REFLEXÕES SOBRE A CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE NEGRA NA CIDADE DE MARABÁ (2011-2019)

Autora: Marta Lima Alves 
Programa de Pós-graduação em História (PPGHIST)
Mestranda em História
UNIFESSPA
E-mail: alves@unifesspa.edu.br
miracyclalves@gmail.com 
Co-autora: Profa. Dra. Maria Clara Carneiro Sampaio
Programa de Pós-graduação em História (PPGHIST)
Doutora em História
UNIFESSPA
E-mail: mariaclarasampaio@gmail.com

Introdução
O presente trabalho tem como objetivo principal analisar as ações de um grupo formado por negros e negras dentro da cidade de Marabá, na mesorregião Sudeste do estado do Pará. O grupo, de nome Consciência Negra em Movimento (CNM), atua na luta contra o racismo, contra a discriminação racial, na defesa e ressignificação da identidade negra e de seus valores culturais e ancestrais. O recorte temporal escolhido compreende o período entre os anos de 2011 a 2019, que consideramos crucial e de grande pertinência para a mobilização entre as pessoas que vieram a fundar o CNM. 

Nosso estudo sobre a formação e atuação do CMN vai no sentido contribuir para a reflexão sobre os significado de ser negro ou negra, na atualidade, numa cidade amazônica cidade média como Marabá, que tradicionalmente marginalizou as contribuições histórico-culturais de diferentes minorias étnicas. 

Tendo vista que a atuação do CNM se dá majoritariamente no município de Marabá, entendemos que foi necessário incluir em nosso itinerário de pesquisa um exercício de melhor compreensão acerca narrativas que envolvem a história da cidade, aproveitando-se da oportunidade para nos questionarmos se seria possível localizar algum tipo de documentação que indicasse a presença de escravidão africana no século XIX. Tal questionamento, em nossa hipótese, poderia contribuir para explicar, pelo menos em parte, algumas das complexas razões por trás da violência racial vivenciada por parte da população negra no presente. Neste sentido, foram feitas visitas ao Arquivo Municipal, cujo acervo tem o nome de Manoel Rodrigues, que se encontra na Fundação Casa da Cultura de Marabá (FCCM). Pôde-se, assim, ter acesso a diversas imagens de diferentes tipos que dizem respeito ao período histórico de povoamento da região, sendo necessário uma seleção daquelas que poderão dialogar com o presente trabalho.

Dentre os recursos metodológicos que utilizamos até o momento, queremos ressaltar a pesquisa de campo com o objetivo de observar o cotidiano do CMN em atividades pela cidade e mês de novembro, quando é comemorado o Dia da Consciência Negra (20/11). Procuramos, desta forma, conhecer suas ações e estratégias de luta na sociedade. Utilizamos ainda das metodologias ligadas à história oral, a partir da realização de entrevistas com cinco pessoas que fazem parte do CNM. Quisemos registrar e ouvir, dos entrevistados e entrevistadas, relatos de situações em que sofreram racismo de forma individual ou coletiva, bem como algumas de suas estratégias de resistência e enfrentamento nesses casos. 

A escolha pela metodologia da história oral também foi uma maneira encontrada de manter um contato mais próximo com essas cinco pessoas, com base nos preceitos do historiador Antônio Torres Montenegro (2006). Para Montenegro, o encontro entre o entrevistador(a) e o(a) entrevistado(a) tem papel fundamental em como o relato se transpõe na narrativa e, consequentemente, na produção textual a ser elaborada. Com caderno, caneta e gravador em mãos, procurei seguir um roteiro com dez perguntas no sentido de não fugir do assunto, porém, quando se percebia que a entrevista soava com espontaneidade, o roteiro não se fazia necessário, ressaltando-se sempre a necessidade do diálogo para a permissão e anuência de gravações de áudio por parte de qualquer sujeito/a entrevistado/a. 

Durante observação na fase do trabalho com a oralidade, notou-se que o grupo Consciência Negra em Movimento também possui um arquivo improvisado, onde são acondicionados todos os documentos existentes sobre a história e formação grupal. Com permissão para análise desse arquivo, procuramos, estrategicamente e metodologicamente, verificar aqueles que contemplariam e relacionavam-se com a pesquisa. Para isso, foi necessário a criação de um índice a fim de selecionar os documentos pelo assunto, objetivos e público-alvo. Assim sendo, analisou-se os seguintes documentos: imagens, folders, ofícios, manifestos, jornais e publicações via internet. Lidar com um arquivo é pertinente, pois ele também é um objeto de pesquisa em que se depara com várias histórias e “memórias compartilhadas” de indivíduos que viveram dentro de um período temporal e espacial (RICOEUR, 2007). Os documentos encontrados no arquivo do grupo mostram as primeiras mobilizações dos sujeitos e sujeitas negros/as no combate ao racismo dentro de Marabá tendo em vista diversas ações, como por exemplo, as discussões na universidade ( que na época ainda era Universidade Federal do Pará), divulgações de eventos, extensões de valorização da identidade negra da universidade para dentro de algumas escolas públicas e privadas da cidade, eventos culturais com a presença do segmento negro, dentre outras questões.

Para o alcance de resultados que mostrassem a difícil realidade de negros e negras em Marabá em relação ao racismo, violência racial, discriminação e preconceito envolvendo a cor da pele buscou-se tentar uma investigação envolvendo três fases: a busca por registros na Casa da Cultura sobre a história da cidade, o relato oral dos cinco sujeitos/as a partir da história oral e a análise do arquivo disponibilizado pelo grupo Consciência Negra em Movimento. Nos documentos disponibilizados pela Casa da Cultura selecionamos aquelas que foram fundamentais para o processo de expansão da cidade, como as que representavam o que significou a fase da borracha, da castanha e dos minérios para a transformação da cidade média existente nos dias atuais.

Além do trabalho envolvendo essas três etapas significativas também procurou-se construir “um pilar de sustentação” envolvendo uma fundamentação teórica consistente, com autores que, de certa forma, realizaram pesquisas anteriores tanto envolvendo Marabá quanto a questão racial e identitária. Destacam-se autores renomados no assunto, como: Silva (2006); Domingues (2007); Schwarcz (1993); Carneiro (1995) e Gomes (2006). 

Durante a análise dos relatos orais das cinco pessoas negras entrevistadas (Eric de Belém, Iara Fernandes Reis, Ana Luíza da Rocha, Margarida Ribeiro da Costa e Jane Cardoso dos Santos), concluiu-se que ser negro ou negra em Marabá é estar diante de um racismo estrutural e cotidiano, presente nas estruturas dos espaços sociais e nas vivências do dia a dia. Embora haja um pequeno avanço na aceitação e empoderamento da identidade negra entre jovens, homens e mulheres, há casos em que a negação da cor da pele acontece entre alguns negros/as, o que contribui para o crescimento do racismo. Inclusive, essa negação esteve presente há algum tempo nos discursos de alguns membros do grupo, quando este estava em processo de formação e que foi invertido depois de longos debates e promoções de ações culturais de valorização da identidade negra pelo grupo CNM. 

Os documentos disponibilizados tanto pela Fundação Casa da Cultura quanto pelo próprio grupo Consciência Negra em Movimento possibilitaram pensar que Marabá vem de um passado não muito favorável às minorias sociais, pois o seu contexto histórico e alguns autores ressaltam a existência de um processo de semi-escravidão verificado na fase da borracha, da castanha e do minério, onde a figura do “dono” das seringueiras, do “dono” do castanhal e “dono” do minério era predominante tanto no local de exploração quanto aos arredores da cidade. Neste sentido, o que parte da população negra experiencia com relação ao racismo na atualidade pode ser fruto de um passado obscuro ou mesmo porque sempre se tratou o segmento negro à margem da sociedade. 

Por conseguinte, é contra essa marginalidade que o grupo segue na luta, através da realização de eventos e palestras de cunho valorativo-identitário, que mostre para a sociedade marabaense que o povo negro continua em movimento contra as irregularidades que envolve o povo negro, como o preconceito, a discriminação racial, invisibilidade de dentro dos espaços e outros tipos de violências que afligem o segmento negro.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
GOMES, F. S. "No Labirinto dos rios, furos e igarapés": camponeses negros, memória e pós-emancipação na Amazônia, C. XIX-XX. História Unisinos, v. 4, p. 281-292, 2006.

CARNEIRO, Sueli. Gênero, Raça e Ascensão. Revista Estudos Feministas, São Paulo, v. 3, p. 301-596, 1995.

DOMINGUES, Petrônio José. Movimento negro brasileiro: alguns apontamentos históricos. Tempo. Revista do Departamento de História da UFF, v. 12, p. 113-136, 2007.

MONTENEGRO, Antônio Torres. Rachar as palavras: ou uma história a contrapelo. Estudos Ibero-Americanos. PUCRS, v. XXXII, n. 1, p.37-62, junho, 2006.

RICOUER, Paul. História/epistemologia. In: A memória, a história, o esquecimento. Campinas: Editora da Unicamp, 2007, p. 151-188.

SCHWARCZ, Lilia Moritz. O espetáculo das raças: cientistas, instituições e questão racial no Brasil – 1870-1930. São Paulo: Companhia das Letras, 1993.

Comentários

  1. Há na pesquisa ou nas ações e materiais do grupo Consciência Negra em Movimento um recorte de gênero, com dados direcionados à conscientização direcionada à mulher negra marabaense? O questionamento é a partir de que em Marabá, um dos bairros mais tradicionais o “Cabelo Seco” segundo a literatura, refere-se ao fenótipo das primeiras moradoras, em referência ao cabelo crespo das mulheres, marcado pela descendência africana. Tal fato, reproduz e reforça estigmas em relação as características fenotípicas da população negra.

    Aline Tarcila de Oliveira Lima

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    1. Este comentário foi removido pelo autor.

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    2. Obrigada pela pergunta, Aline. Então, em análise ao arquivo do grupo, observou-se que os documentos e ações do grupo Consciência Negra em Movimento na cidade de Marabá possuem um objetivo: o combate ao racismo e discriminação racial contra a população negra. Isso envolve todos eles. Entretanto, chama-se a atenção para a figura da mulher negra como peça central de representação no evento realizado todo mês de novembro, no dia 21, dia da Consciência Negra. Inclusive, ele acontece todo ano no bairro Francisco Coelho (vulgo "Cabelo Seco") como uma forma de dar visibilidade ao lugar, que é bastante periférico, e aos negros e negras que nele vivem. É um evento que inclui ações valorativas de combate ao preconceito e conscientização de negras e negros para a afirmação de suas identidades. Ele relembra não apenas essa narrativa atrelada às mulheres do "Cabelo Seco" quanto às mulheres negras no presente.

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  2. Olá Marta, achei muito interessante sua pesquisa e me chamou muito a atenção quando você falou que o próprio movimento já mobiliza um arquivo improvisado. Isso repassa a valorização a própria consciência do grupo e a necessidade e resguardar elementos como forma de afirmação de suas identidades.

    Você poderia explanar um pouco mais sobre esse arquivo?

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    1. Excelente reflexão, Juliana Alves. O arquivo improvisado que o CNM guarda fica na casa de um dos representantes do grupo. Além de servir para eventos posteriores é também uma forma de guardar sua memória e história. Nomeio de arquivo improvisado pelo fato de não haver uma organização em relação aos documentos, estando estes acondicionados em pastas e acondicionados em um armário reservado para essa finalidade. Guarda-se nele desde faixas de eventos até imagens e registros das atividades.

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  3. Boa noite Marta, parabéns pela sua pesquisa.
    Acho muito importante pesquisas relacionadas com essa perspectiva, ainda mais quando envolve diversas fontes. Gostaria que você me explicasse, se por possível, o andamento das entrevistas com os sujeitos selecionados, já ocorreu esta etapa?. Outra questão, também, ocorrem principalmente nos bairros mais antigos de Marabá como o "cabelo seco", festividades que contribuem para construção da identidade negra no município. Gostaria de saber se tem mais espaços (bairros, e outros locais) que contribuem nessa perspectiva?

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    1. Olá Alan, Obrigada por ler meu trabalho. A fase das entrevistas já aconteceu sim. Devido a minha preocupação em sempre querer resolver as coisas com antecedência e pensar que obstáculos podem ocorrer (como realmente ocorreu com a pandemia) dentro de uma pesquisa, acelerei essa fase. Ela aconteceu da seguinte maneira: primeiro a ida ao arquivo da Fundação Casa da Cultura e depois marquei as entrevistas. Algumas pessoas marcaram e depois desmarcaram, outras tiveram problemas pessoais que me fizeram não insistir em uma entrevista, o que me levou a entrevistar outras pessoas do grupo. Como meu foco de pesquisa é o Consciência Negra em Movimento, analiso suas ações dentro da cidade e uma dessas ações de valorização da identidade negra acontece no "Cabelo Seco", no evento do dia da Consciência Negra (21). Nesse evento se reúnem outros grupos da cidade, como o grupo de Mulheres do Cabelo Seco e outros que colaboram com o evento e que são de fora de Marabá, como de Itupiranga cujo grupo se chama "Mulheres Dandara", coletivo Afro Raíz do projeto Rios de encontro, grupo de Tradição Popular Mayrabá, Boi-Bumbá Flor do Campo (Projeto Arte Sem Fronteiras), grupo Afro Mundi Mirim, grupo percussão, grupo Negra Melodia, grupo de Ação Cultural. Em diálogo com um dos entrevistados/as notei que às vezes ocorre desses grupos marcarem festividades em outros espaços sim, como São Félix de Valois, em que houve ações para comemorar o dia da Consciência Negra e quem organizava era o Grupo de Ação Cultural (GAC).

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  4. Marta, parabéns pelo belíssimo trabalho! Pelo que pude perceber através da leitura de seu texto, o grupo Consciência Negra em Movimento desenvolve um trabalho necessário diante de tudo que presenciamos no nosso cotidiano, o preconceito e a discriminação racial são algumas das violências sofridas pelo povo negro em nossa sociedade. Diante dessa questão gostaria de saber como são realizadas as ações do grupo dentro das comunidades escolares de Marabá? Candida Lisboa Belmiro

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  5. Bem-vinda, Candida! Obrigada pela pergunta. As ações do grupo também acontecem nas escolas públicas e privadas de Marabá. Elas ocorrem desde momentos em que o grupo ainda não havia se constituído como tal e parte dos seus integrantes ainda estavam na universidade (que na época era a UFPA, em 2003). Dentre as inúmeras reflexões no espaço acadêmico, surgiu a ideia e necessidade vista por negros e negras de levar esse debate para as escolas, que era essencial. Naquele ano (2003), inclusive, em que a lei 10.639/03 tornava obrigatório a presença de conhecimentos africanos em sala de aula, o debate se fazia essencial. Numa entrevista realizada um entrevistado ressaltou que a discussão sobre a lei 10.639 estava no começo, ainda. Como discutia-se sobre esse assunto na universidade, o grupo recém-formado procurou buscar apoio da Secretária Municipal de Educação para realizar intervenções nas escolas. Porém, essa empreitada não garantiu muito resultado. Neste sentido, as ações nas escolas começaram a acontecer a partir de relações de amizades com docentes e, posteriormente, em um mapeamento feito das escolas, procurou-se realizar diálogos com os diretores/as, que, por sua vez os procuravam para a efetivação de dinâmicas. Isso acontece de forma frequente no dia da Consciência Negra ou dias antes do evento, dependendo da agenda escolar. As ações dependem da turma e da faixa etária, indo desde a decoração das salas de aulas com máscaras africanas até aulas sobre instrumentos de percussão e capoeiras.

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  6. Marta seu trabalho é maravilhoso e extremamente necessário na nossa região. Gostaria de saber de que forma você acha que sua pesquisa vai contribui com a luta desse grupo pesquisado? E também gostaria de saber que motivações levaram você a pesquisar esse tema? Vera Lima

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    1. Oi, Vera. Bom tê-la por aqui. O grupo CNM realiza suas ações em Marabá, porém suas lutas ainda são desconhecidas por algumas pessoas da cidade. Além de querer divulgar o trabalho deles para a sociedade e comunidade acadêmica, busco contribuir com eles para uma maior notoriedade e visibilidade sobre suas lutas, objetivos e desafios travados por eles/elas para o combate ao racismo dentro da cidade de Marabá, haja visto ainda serem marginalizados. Desde a graduação eu tinha interesse em trabalhar com a questão étnico-racial, porém na época ainda não tinha ideia do que investigar. Mais o que foi crucial foi uma experiência que eu tive no ensino médio com a professora Heidiany Katrine Moreno, a qual pediu na época para fazer uma pesquisa envolvendo o movimento negro de Marabá ou representantes considerados do movimento negro. E esse grupo me ajudou nessa dinâmica. E no mestrado resolvi resgatar essa curiosidade.

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  7. Olá Marta, parabéns por sua pesquisa. Em suas considerações finais você conclui com um ponto digno de maiores debates e de luta diária que é o racismo estrutural. A respeito desta temática, o racismo estrutural, gostaria que nos contasse, se possível for, sobre o embasamento teórico que ajuda a fundamentar sua conclusão.
    ( Sebastiana Valéria dos Santos Moraes)

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    1. Olá, Valéria. Claro que sim! Bem, utilizei-me de um texto fundamental para pensar o racismo estrutural na sociedade, que é de autoria da filósofa Sueli Carneiro. O texto chama-se "Gênero, Raça e Ascensão" e explica e demonstra muito bem a presença desse desafio para negros e negras dentro dos espaços sociais, que infelizmente, ainda são dominados por maioria branca e minoria negra. Em Marabá mesmo ele se faz presente e isso pude verificar nos depoimentos dos negros/as entrevistados. Também me ajudaram a pensar sobre isso autores como Luciana Brito, Kabengele Munanga e Nilma Lino Gomes.

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